Caixa tem quase R$ 90 bilhões para destinar ao financiamento habitacional em 2018

Por Alexandra Gonsalez

“O mercado de crédito imobiliário brasileiro oferece as melhores oportunidades possíveis, tendo em vista o grande déficit habitacional do país e as adequações de financiamento para as classes média e de baixa renda. Todo esse introito para justificar que os primeiros projetos sob a égide da norma somente agora começam efetivamente a ser entregues, o que impede uma análise mais detalhada de seus efeitos nas habitações brasileiras.”

Em abril deste ano a Caixa Econômica Federal anunciou algumas boas notícias: a redução dos juros para financiamento imobiliário e o aumento do percentual do valor a ser financiado dos imóveis usados, que subiu de 50% para 70%. Para unidades novas, foi mantido o percentual de 80% no teto do aporte. As medidas foram adotadas de-pois que o banco reduziu por duas vezes o teto de financiamento de imóveis em 2017, deixando de ter as taxas mais baixas do mercado e perdendo a liderança nas linhas de crédito com recursos da poupança entre novembro do ano passa-do e janeiro de 2018.

Agora, as taxas de juro do crédito imobiliário que utilizam recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo serão re-duzidas em até 1,25 ponto percentual. Por isso, as tarifas mínimas passaram de 10,25% para 9% ao ano, no caso de unidades dentro do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), e de 11,25% para 10%, para imóveis enquadrados no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). Entram no SFH as propriedades residenciais de até R$ 800.000, valendo para quase todo o país, exceto os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais mais Distrito Federal, nos quais o limite é de R$ 950.000. As unidades habitacionais acima dos padrões do SFH são integradas ao SFI. Segundo o presidente da Caixa, Nelson Antônio de Souza a redução das taxas de juro facilita o acesso à casa própria e contribui para estimular o mercado imobiliário. Souza assumiu a presidência da instituição em abril de 2018, na qual iniciou sua carreira em 1979. Já ocupou os cargos de diretor executivo de Gestão de Pessoas, chefe de gabinete, superintendente Nacional da Região Nordeste e superintendente Nacional do FGTS. Em 2014, presidiu o Banco do Nordeste, ano em que a corporação registrou o maior resultado financeiro da sua história. De agosto de 2015 a abril de 2018, atuou como vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal.

Como o senhor avalia as oportunidades de crédito para financiamento imobiliário atualmente?

Com otimismo. O mercado de crédito imobiliário brasileiro oferece as melhores oportunidades possíveis, tendo em vista o grande déficit habitacional do país e as adequações de financiamento para as classes média e de baixa renda. Todo esse introito para justificar que os primeiros projetos sob a égide da norma somente agora começam efetivamente a ser entregues, o que impede uma análise mais detalhada de seus efeitos nas habitações brasileiras. O que podemos garantir é que a NBR 15.575 suscitou uma discussão técnica jamais ocorrida desde que me formei engenheiro.

E os indicadores econômicos para esse tipo de operação?

Os indicadores da economia brasileira apontam para uma melhoria do cenário. Isso favorece a concessão de novos financiamentos imobiliários.

A Caixa pretende lançar novas linhas de crédito imobiliário em 2019? Há novos fundings significativos para todas as faixas econômicas?

A Caixa já possui diversas modalidades de linha de crédito, contemplando imóveis novos, usados e a construção de empreendimentos que serão lançados no mercado. Portanto, a instituição consegue contemplar praticamente todas as demandas existentes. Temos hoje o funding do FGTS e da Poupança (SBPE) em níveis suficientes para atender a essa procura habitacional.

Qual faixa econômica é a mais promissora para investimentos imobiliários?

A grande demanda, ou déficit habitacional no país, concentra-se nas famílias que ganham até 5 salários mínimos. Ou seja, 93% do déficit está localizado nessa faixa de renda da população. Portanto, para ela estão direcionadas as maiores oportunidades de financiamento imobiliário.

O senhor acredita que se o governo liberar o saque do fundo PIS/Pasep a medida terá um impacto positivo no mercado imobiliário?

Todo volume de recursos liberado para as famílias ajudará a aquecer a economia e, com certeza, a movimentar mais todos os setores.

Quais são as perspectivas do mercado imobiliário em um ano de eleição presidencial no Brasil?

Acreditamos que o mercado imobiliário já caminha para uma consolidação e de maneira independente de cenários políticos. Ou seja, o setor consegue seguir de forma autônoma, gerando emprego
e renda para a sociedade brasileira.

Como o senhor avalia a perenidade do programa Minha Casa Minha Vida? Acredita que o programa corre riscos, dependendo dos resultados das eleições?

As premissas básicas que fundamentam o programa Minha Casa Minha Vida são aquelas em que colocamos um valor de subsídio para viabilizar o financiamento imobiliário para as famílias que não conseguem pagar a prestação cheia. Portanto, essas regras fazem com que ele passe a ser um programa de Estado, necessário para a produção de unidades habitacionais para pessoas de baixa renda. Assim, independentemente de como se trata a questão, seus princípíos seguirão necessários para habitação social e de baixa renda.

“As premissas básicas que fundamentam o Programa Minha Casa Minha Vida são aquelas em que colocamos um valor de subsídio para viabilizar o financiamento imobiliário para as famílias que não conseguem pagar a prestação cheia. Portanto, essas regras fazem com que ele passe a ser um programa de Estado, necessário para a produção de unidades habitacionais para pessoas de baixa renda.”

Quais cenários políticos e econômicos seriam ideais para uma plena retomada do mercado imobiliário em 2019?

O cenário ideal é aquele que demonstra estabilidade, ou seja, uma regularidade nos indicadores econômicos. Aquele em que emprego e renda melhoram esse indicador, em que a inflação permaneça em níveis baixos e que a taxa de juros básica da economia (a Selic) também mantenha- -se regular e em patamares reduzidos. Esse ambiente proporciona as condições favoráveis
e ideais para um desenvolvimento forte do mercado imobiliário.

Em 2019, quanto a Caixa destinará de verbas para financiar imóveis?

Este ano nós temos cerca de R$ 86 bilhões destinados ao financiamento habitacional. Esses valores, em média, deverão permanecer para o próximo ano, mas ainda é uma previsão orçamentária que poderá ser adequada.

fonte: https://construcaomercado.pini.com.br/